As reformas neoliberais implementadas por Michel Temer colocaram o país sob o mais duro ajuste fiscal que se tem notícia na história recente, com a aprovação de uma emenda constitucional que congela por vinte anos os investimentos em políticas públicas. Destaca-se também a aprovação de uma reforma trabalhista radical, que colocou em xeque a capacidade de mobilização dos sindicatos e, na prática, inviabilizou o acesso dos trabalhadores à justiça do trabalho (KREIN, GIMENEZ, SANTOS, 2018). Temer é o presidente mais impopular da história do Brasil. Seu governo é considerado ruim ou péssimo por 82% da população brasileira. Os resultados sobre a desconfiança das instituições políticas são recorrentes no Brasil mais recente, sobretudo após junho de 2013, o avanço da Operação Lava Jato e o domínio do combate à corrupção na pauta midiática. No entanto, o fato novo é que a ruptura com as instituições democráticas está colocada como uma realidade (o golpe contra Dilma) ou algo desejável (o golpe militar pelo combate à criminalidade e a corrupção) para a maioria dos brasileiros. Como isso ocorreu? Quais são os fatores que atuaram para sustentar esta situação? É possível considerar dois conjuntos de elementos: em parte, trata-se de uma consequência da destituição de Dilma Rousseff, cujo processo de desgaste político se iniciou no mesmo dia de sua reeleição, com a não-aceitação do resultado eleitoral pela chapa encabeçada por Aécio Neves (PSDB). Rompeu-se, assim, uma das normas básicas de convivência democrática, pela qual os concorrentes em eleições aceitam seu resultado final (DAHL, 1997).
Publikationen der Stiftung → Polarização e fragilidade democrática no Brasil de 2018
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