As recentes constatações sobre as mudanças climáticas indicam que chegamos ao ponto divisor de águas: se mantivermos o business as usual nas próximas décadas, deslizaremos em uma rota em que as mudanças serão exponenciais e irreversíveis, e os riscos imprevisíveis. Ou freamos a lógica do lucro rápido, ou construímos relações possíveis com o meio do qual dependemos. Ou revemos os mecanismos que geram as desigualdades abissais entre indivíduos, regiões e países, ou naufragaremos todos juntos. A importância do Brasil em termos de riquezas naturais é amplamente reconhecida e, em grande medida, a megabiodiversidade existe hoje no Brasil por causa das populações tradicionais que, por séculos, lutaram por seus territórios e pelo direito às suas especificidades culturais. Em nossa recente democracia, avançamos na conquista de direitos para todos, e um dos principais desafios do Brasil hoje é manter a trajetória de implementação destes direitos, frente à ofensiva conservadora que ganha corpo na política brasileira. Para países emergentes e megabiodiversos como o Brasil, é tempo de aproveitar o esfacelamento de padrões econômicos e políticos, e construir as estratégias para potencializar nossos trunfos com intensidade de conhecimento, tecnologia e participação social. O Brasil tem condições de enfrentar este desafio, mantendo a decisão crucial de erradicar a pobreza e a miséria. As metas brasileiras para a COP 21 são dignas de elogios, mas podemos e devemos ser ainda mais ousados.