As análises setoriais da agricultura, indústria, meio ambiente, trabalho, serviços, compras governamentais, propriedade intelectual e aspectos não tarifários do Acordo Mercosul-União Europeia apresentadas nesse volume, coincidem em afirmar que não haverá grandes mudanças nas relações bilaterais e que os constrangimentos regulatórios trazidos pelo acordo em termos ambientais, sociais, de gênero e trabalhista não garantem ganhos para essas áreas críticas da sociedade brasileira. Em relação às oportunidades, o acordo poderia ter algum potencial na transição para a indústria 4.0, no complexo de saúde (farmacêutica e biotecnologia), ou nas áreas de mobilidade urbana, nas energias renováveis, até na elevação dos padrões socioambientais e reativar uma agenda de sustentabilidade, que inclua a preservação da Amazônia e o Cerrado, assim como em um diálogo com a agricultura familiar e a agroecologia inspirada em algumas das boas práticas europeias. O acordo poderia reativar, também, a dinâmica da integração do Mercosul tão importante para a inserção global da região e do Brasil, em particular. Essas promessas não constam no texto assinado, focado somente em aspectos comerciais, mas poderão ser incluídas em futuros diálogos. O acordo ainda enfrenta contradições, que inviabilizaram sua conclusão por mais de duas décadas, e que certamente serão constrangimentos importantes para sua implementação. O equilíbrio favorável entre custos e benefícios não está bem solucionado em nenhum dos blocos. Do lado europeu, permanecem as resistências de importantes atores que representam diversos setores, interesses e países. A oposição do setor agrícola europeu recentemente se viu engrossada por representantes dos movimentos ambientalistas e de direitos humanos, por causa das ações do atual governo brasileiro em relação a esses dois temas.
Publikationen der Stiftung → Acordo Mercosul-União Europeia
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